
O Dia em que o Flamengo Quase se Tornou Fluminense: A Fusão que Poderia Ter Mudado o Futebol Carioca
O Dia em que o Flamengo Quase se Tornou Fluminense: A Fusão que Poderia Ter Mudado o Futebol Carioca
Em 1937, o futebol carioca esteve à beira de uma revolução histórica que poderia ter alterado completamente o cenário esportivo do Rio de Janeiro. Uma proposta de fusão entre Flamengo e Fluminense, dois dos maiores clubes do Brasil, chegou a ser seriamente discutida nos bastidores, criando um cenário que hoje parece impensável para qualquer torcedor.
O contexto era de crise financeira no futebol brasileiro. Ambos os clubes enfrentavam dificuldades econômicas significativas, e a ideia de unir forças surgiu como uma solução pragmática. O projeto previa a criação de um único clube que reuniria as estruturas, patrimônios e, principalmente, as torcidas das duas agremiações. As negociações avançaram a ponto de serem estabelecidas comissões mistas para discutir os detalhes da operação.
Entre os pontos mais polêmicos da proposta estava a definição do nome do novo clube. Algumas versões históricas sugerem que o nome “Fluminense” teria prevalecido, enquanto outras fontes indicam que seria criada uma nova denominação que incorporasse elementos de ambas as identidades. As cores também eram objeto de intenso debate – como conciliar o rubro-negro do Flamengo com o grená, verde e branco do Fluminense?
O que poucos sabem é que a fusão tinha apoio de importantes dirigentes de ambos os lados. No Flamengo, havia a percepção de que a união poderia criar um clube ainda mais forte, capaz de dominar o futebol nacional. Já no Fluminense, a perspectiva de absorver a enorme torcida flamengista era vista como um trunfo estratégico.
Porém, a resistência veio das bases. Torcedores tradicionalistas de ambos os clubes reagiram com veemência à proposta. A rivalidade, já consolidada após décadas de clássicos memoráveis, mostrou-se mais forte que as considerações financeiras. A ideia foi gradualmente perdendo força até ser completamente abandonada no final de 1937.
O episódio revela um momento crucial na história do futebol carioca. Se concretizada, a fusão teria criado um superclube com potencial para dominar o cenário nacional, mas ao mesmo tempo teria extinguido uma das maiores rivalidades do futebol brasileiro. O Flamengo-Flu, como conhecemos hoje, simplesmente não existiria.
Este capítulo quase esquecido serve como um alerta sobre como decisões administrativas podem ameaçar tradições seculares. A paixão das torcidas, que inicialmente parecia um obstáculo, mostrou-se na verdade a salvaguarda da identidade de ambos os clubes. O episódio também demonstra que, mesmo em momentos de crise, a história e a tradição podem ser mais fortes que o pragmatismo financeiro.
Hoje, quando vemos os estádios lotados para mais um Fla-Flu, é difícil imaginar que esta rivalidade poderia ter sido extinta há mais de oito décadas. A fusão que não aconteceu acabou por fortalecer ainda mais a identidade de cada clube, provando que algumas batalhas perdidas podem significar vitórias eternas para a paixão futebolística.
— Lance do Jogo







