O Dia em que o Corinthians Quase Se Tornou Corinthians da Floresta

O Dia em que o Corinthians Quase Se Tornou Corinthians da Floresta

O Dia em que o Corinthians Quase Se Tornou Corinthians da Floresta

Entre os muitos capítulos da rica história do Sport Club Corinthians Paulista, há um episódio peculiar que poucos torcedores conhecem: a proposta de transferência do clube para a Amazônia durante a década de 1970. Esta curiosidade histórica revela como o destino do Timão poderia ter seguido um caminho completamente diferente, longe da capital paulista.

Em 1974, durante o governo do general Emílio Garrastazu Médici, surgiu uma proposta audaciosa vinda do então território federal de Rondônia. Líderes políticos e empresariais da região amazônica encaminharam uma solicitação oficial à diretoria corintiana sugerindo a mudança da sede social e do centro de treinamentos do clube para Porto Velho. O argumento principal era que o Corinthians, como um dos clubes mais populares do Brasil, poderia ajudar no processo de integração nacional e desenvolvimento da região Norte.

Os proponentes da ideia ofereciam incentivos fiscais generosos, terrenos para construção de um complexo esportivo moderno e apoio logístico completo. A proposta incluía a construção de um estádio com capacidade para 50 mil pessoas e um centro de treinamento de padrão internacional. A justificativa era que a presença de um clube do porte do Corinthians atrairia investimentos e daria visibilidade à região.

Vicente Matheus, então presidente do Corinthians, chegou a considerar seriamente a proposta. Em entrevista à imprensa da época, ele afirmou: “É uma ideia ousada que merece estudo. O Corinthians é do povo brasileiro, não apenas de São Paulo”. No entanto, a reação da torcida foi imediata e contundente. Cartas, telegramas e protestos organizados pela Fiel Torcedor deixaram claro que a base corintiana não aceitaria tal mudança.

O episódio ganhou destaque na imprensa esportiva nacional, com colunistas dividindo opiniões. Enquanto alguns viam como uma oportunidade de expansão, outros alertavam para o risco de o clube perder sua identidade paulistana. Após semanas de debates internos e pressão popular, a diretoria corintiana rejeitou oficialmente a proposta em agosto de 1974, mantendo o clube firmemente enraizado em São Paulo.

Este curioso capítulo da história corintiana serve como testemunho da força da identidade clubística e do vínculo emocional entre o time e sua torcida. Mais do que uma simples recusa administrativa, a decisão representou a vitória da tradição sobre projetos expansionistas que poderiam ter alterado fundamentalmente a essência do clube. O Corinthians permaneceu sendo o orgulho do Parque São Jorge, enquanto Rondônia seguiria desenvolvendo seu próprio futebol regional.

— Lance do Jogo