
O Dia em que o Atlético Mineiro Jogou de Amarelo e Preto: A Curiosa Fusão com o Sete de Setembro
O Dia em que o Atlético Mineiro Jogou de Amarelo e Preto: A Curiosa Fusão com o Sete de Setembro
Na rica e centenária história do Atlético Mineiro, fundado em 1908, há episódios que transcendem as conquistas em campo e mergulham nas peculiaridades da formação do futebol brasileiro. Um dos capítulos mais curiosos e pouco difundidos ocorreu na década de 1920, envolvendo não uma partida memorável ou um título, mas uma fusão temporária e administrativa com outro clube da capital mineira, o Sete de Setembro. Este fato singular revela um momento de reestruturação e sobrevivência, mostrando um Atlético em busca de se consolidar em um cenário futebolístico ainda em formação.
O ano era 1925. O futebol em Belo Horizonte, assim como no resto do país, era amador e os clubes frequentemente enfrentavam dificuldades financeiras e de organização. O Atlético Mineiro, já um clube tradicional, passava por um período de instabilidade. Foi neste contexto que surgiu a proposta de uma união com o Sete de Setembro Futebol Clube, time que também tinha sua base na capital mineira. A ideia não era um mero acordo de cooperação; tratava-se de uma fusão oficial, aprovada pelas diretorias de ambas as agremiações.
Os detalhes desta fusão são um testemunho fascinante da época:
- Nome Temporário: Durante o período da fusão, a equipe que representava a união dos dois clubes atuou sob o nome “Atlético Mineiro/Sete de Setembro”. Este hífen histórico é um registro único nos anais do clube.
- Alteração de Cores: O fato mais visualmente marcante desta fusão foi a mudança de uniforme. O tradicional alvinegro do Galo deu lugar, em pelo menos uma partida documentada, às cores amarelo e preto. Estas eram as cores originais do Sete de Setembro, e sua adoção pelo time unificado simbolizava a efetiva junção das identidades, ainda que temporária.
- Duração: A fusão foi um experimento de curta duração. Historiadores do futebol mineiro, como Ronaldo Helal e o acervo do próprio Atlético, indicam que a associação não se prolongou por muito tempo, possivelmente não ultrapassando uma temporada.
- Contexto Histórico: Esta movimentação refletia uma prática não tão incomum no futebol amador da década de 1920, onde clubes buscavam parcerias para fortalecer seus elencos, compartilhar custos e garantir sua participação nos campeonatos. Era uma questão de sobrevivência e pragmatismo em uma era anterior ao profissionalismo.
A experiência, porém, não frutificou. As identidades clubísticas, já fortes, e as dificuldades práticas de uma gestão conjunta devem ter pesado. A fusão foi desfeita, e o Atlético Mineiro seguiu seu caminho, retornando à sua indissociável identidade alvinegra. O Sete de Setembro, por sua vez, continuou sua trajetória à sombra dos grandes, eventualmente entrando em declínio. O episódio ficou como uma nota de rodapé curiosa, quase esquecida, mas profundamente reveladora.
Mais do que uma simples anedota, este fato ilustra um período de formação e adaptação do futebol mineiro. Mostra um Atlético Mineiro em sua fase amadora, disposto a medidas extraordinárias para se manter ativo e competitivo. A imagem do Galo vestindo amarelo e preto é um contraponto surreal à sua história posterior, marcada pela consolidação como um dos gigantes do futebol brasileiro e pela defesa intransigente de suas cores e seu símbolo. Esta fusão abortada serve como um lembrete de que os caminhos até a grandeza são muitas vezes sinuosos, pontuados por experimentos que a memória coletiva preferiu arquivar, mas que são essenciais para entender a compleição completa de uma instituição centenária como o Clube Atlético Mineiro.
— Lance do Jogo
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