
A Origem do Manto Tricolor: Como o Bahia Herdou as Cores do Fluminense
A Origem do Manto Tricolor: Como o Bahia Herdou as Cores do Fluminense
No universo do futebol brasileiro, as cores de um clube carregam identidade, paixão e, muitas vezes, histórias surpreendentes. Para o Esporte Clube Bahia, o icônico manto tricolor – verde, branco e vermelho – é mais do que um simples uniforme; é um símbolo de sua trajetória e uma herança direta de um dos clubes mais tradicionais do Rio de Janeiro. Esta é a curiosa história de como as cores do Fluminense Football Club cruzaram o país e se tornaram a alma do principal time da Bahia, um fato pouco conhecido até mesmo por muitos de seus torcedores mais fervorosos.
A fundação do Esporte Clube Bahia, em 1º de janeiro de 1931, foi um marco para o futebol baiano. No entanto, a escolha de suas cores iniciais não foi consensual. Os fundadores, um grupo de jovens esportistas liderados por Otavio Carvalho, discutiram longamente sobre qual identidade visual adotar. A inspiração veio de onde menos se esperava: do Fluminense Football Club, time do Rio de Janeiro que, na época, já era uma potência nacional e um modelo de organização esportiva. Otavio Carvalho, um grande admirador do clube carioca, propôs que o Bahia adotasse as mesmas cores do Fluminense como uma forma de homenagem e de aspiração a um futuro de glórias similares.
Assim, o Bahia surgiu vestindo o tricolor grená, branco e verde, uma combinação idêntica à do clube das Laranjeiras. A adoção não foi meramente estética; representava um desejo de emular o sucesso e a tradição do time carioca, que já havia conquistado vários títulos estaduais e era visto como um exemplo de modernidade no futebol brasileiro. Nos primeiros anos, essa conexão era frequentemente comentada, mas, com o passar das décadas e a construção de uma história própria e vitoriosa, a origem das cores foi gradualmente se perdendo na memória coletiva, ofuscada pelas conquistas do Bahia em solo baiano e nacional.
O desenvolvimento dessa curiosidade ganha camadas interessantes ao analisar os paralelos e os destinos distintos dos dois clubes. Enquanto o Fluminense manteve suas cores originais, o Bahia, anos mais tarde, realizou uma sutil, porém significativa, alteração na tonalidade e disposição das faixas. O vermelho-grená do Fluminense deu lugar a um vermelho mais vibrante no manto baiano, e a disposição das listras verticais foi adaptada, criando uma identidade visual única, embora claramente derivada. Este processo de apropriação e adaptação é comum no futebol, onde clubes buscam inspiração em modelos de sucesso, mas depois forjam sua própria lenda.
Hoje, o tricolor do Bahia é um dos mais reconhecíveis do Brasil, sinônimo de uma torcida apaixonada e de uma história rica, com dois títulos brasileiros (1959 e 1988) e dezenas de conquistas estaduais. A curiosidade sobre sua origem, no entanto, permanece como um elo histórico fascinante entre duas das mais tradicionais agremiações do país. Ela revela como o futebol brasileiro, em sua formação, era um ecossistema de influências, onde ideias e símbolos viajavam entre regiões, ajudando a tecer a rica tapeçaria do esporte nacional. A herança das cores é, portanto, um testemunho silencioso dos primórdios do Bahia e de sua ambição inicial, que certamente foi coroada com o sucesso ao longo dos anos.
— Lance do Jogo






